Polifônico, multireferencial, fragmentado, pluralizado. Tudo o que prometi ser, promissor romance de Daniel Brazil é uma cidade que fala e às vezes grita. Grita como os feirantes para seduzir os passantes, grita como o garoto que vende bala, grita e tem pressa. Uma pressa, uma urgência dos que sabem que o “ganha-pão” é questão de vida e morte: “Só mesmo o tempo de me firmar no serviço”. A urgência também se desenha na linguagem, nas palavras abreviadas, na oralidade descrita, na omissão intencional de sinais de pontuação, nos picotes da narrativa, nas costuras do real por matérias jornalísticas. No romance o que se desenha como inteiro é a humanidade dos personagens, em alguns momentos tramadas de afeto: “todo mundo que você gosta, que gosta de você, eles são a sua mata, a sua trilha”. Para cada livro o seu leitor é uma das leis da biblioteconomia. Torço para que Tudo o que prometi ser chegue até os seus leitores. Autor, livro e leitores merecem este encontro.