Livro Antologia Teatral Vol. 1 de Geraldo de Andrade

Antologia Teatral Vol. 1

Geraldo Andrade
Residência I/2015

Geraldo Andrade é um homem de teatro que não se encerra nas dependências da caixa de espetáculos. Sua obra é para ocupar galpões, auditórios escolares, esquinas, portas de fábricas, estações de trem, parques públicos, escolas para pequenos, grupos de pesquisa, manifestações, presídios e até mesmo, olha só, até mesmo os tais teatros com toda a paramentação de luz, cortinas, cadeiras, quarta parede e outras mumunhas mais. Mas insisto, são peças para movimentar ideias – ideias, senão campanhas – com didatismo. O que pode parecer simples demais em um primeiro momento, pois as personagens dialéticas, aquelas que escapam à positividade e nisso apresentam mais camadas da contradição atávica ao nosso tempo e sociedade, isso tudo fica de fora. Mas pode isso num teatro político? Pois falamos de um teatro político, e não de outro, e não dos muitos modos de construir uma estética calcada na teoria crítica; Geraldo de Andrade foi mais próximo de Piscator que de Brecht, e nisso colocou na sua dramaturgia toda um missão de agitar o público para transmitir informações, para ironizar lugares comuns e para instaurar a farsa como acordo de desnudos: todos veremos as pessoas nuas como o rei mas não precisaremos negar o que vemos, senão embalar na graça das partes balançando. Geraldo, menos que Zé Celso Martinez, mas com seu modo, chama o público a tirar a roupa também. O pacto da fantasia com sua artificialidade explícita está dado.

Texto: Felipe Eugênio